quinta-feira, 2 de abril de 2015

Desapego e Liberdade

Esse texto é uma reflexão um pouco mais pessoal e menos técnica, porém achei válido compartilhar com vocês.

Ultimamente venho pensando sobre a relação entre desapego e liberdade e como estão diretamente relacionados. Falamos tanto sobre liberdade, sobre como queremos ser livres, mas às vezes acho que é como falar de felicidade, ficamos almejando algo que nem sabemos o que é de fato, e que por não saber, idealizamos. A idealização que fazemos da liberdade, na minha opinião, é algo impossível de se viver.

Tenho percebido que o mais imprescindível para que alguma liberdade seja possível é o desapego. E o desapego é um dos exercícios mais difíceis para o ser humano. Somos acostumados ao apego. Somos apegados a tudo. Desde objetos até pessoas. Nossa sociedade há muitos anos nos acostuma com a ideia de que ter, possuir, é tão importante que sem isso podemos até mesmo morrer. A posse se tornou um instinto de sobrevivência pro ser humano e isso está tão enraizado que quando tentamos nos desapegar de algo todos os nossos mecanismos de defesa ficam em alerta.

Por isso tememos tanto as mudanças, por isso ignoramos a ideia de que a morte existe, porque para entender as mudanças ou a morte como processos de transformação, precisamos primeiro nos desapegar. Para transformar é preciso deixar o velho ir para chegar algo novo, e para isso precisamos nos desapegar do velho, desapegar do que temos ou vivemos nesse momento para dar espaço para novos momentos, novas vivências.



Viver as experiências sem permitir que elas te capturem e te congelem num único estado de ser. Viver as experiências, ser transformado por elas, e continuar vivendo, num fluxo infinito, numa teia infinita de vidas e relações. Não seria isso liberdade?

“Queremos ter certezas e não dúvidas, resultados e não experiências, mas nem mesmo percebemos que as certezas só podem surgir através das dúvidas e os resultados somente através das experiências.” Carl Jung

Sentir as emoções quando elas passam por você, intensamente, como se fosse a coisa mais importante, porque naquele momento é. Viver o momento intensamente como se só existisse ele, porque na verdade, só existe ele. Mas deixar a emoção ir, ela não é você. Deixar o momento ir, ele não te define. E seguir para novos momentos, novas emoções, novos pensamentos e pontos de vista e em meio a tantas transformações encontrar você. Aquele real você, que permanece, e segue se transformando...isso, talvez, seja ser livre.

“A maioria das pessoas não quer realmente a liberdade, pois liberdade envolve responsabilidade, e a maioria das pessoas tem medo de responsabilidade.” Sigmund Freud

Logo não é possível ser livre e apegado ao mesmo tempo. Os apegos te prendem a um estado emocional constante, ou a pessoas, ou a situações e te impedem de transformar. E se te prendem em um único estado e te impedem de transformar, então estão te impedindo de ser você; Somos múltiplos, infinitos e dinâmicos como o universo. A vida nunca é estática. Se é estático não é vivo. A vida dança.

“Mas onde se deve procurar a liberdade é nos sentimentos. Esses é que são a essência viva da alma.” Goethe