O trabalho com arquétipos na clínica é um trabalho muito
rico que pode acelerar muito o processo terapêutico porque acessa diretamente o
inconsciente do cliente, sem passar por seus mecanismos de defesa e
resistências.
Mas o que é arquétipo?
Segundo Carl Gustav Jung os arquétipos são núcleos
instintivos, isto é, herdados naturalmente, que trazem padrões de comportamento
humanos. Um exemplo fácil seria o arquétipo materno. Este é um padrão de
comportamento inato no inconsciente humano e ele se materializa de diversas
formas durante a história da humanidade através de imagens mitológicas como de
Maria, Deméter ou até mesmo a Madrasta má dos contos de fada.
Existem infinitos arquétipos no inconsciente coletivo que se
manifestam em nossa vida através de mitos, contos de fadas e religiões. Todos
estão presentes no inconsciente coletivo, porém um ou outro acaba “brilhando”
mais forte em nosso inconsciente pessoal, e isso é uma dica de quais complexos
estão fortes em nosso inconsciente.
Por exemplo, se buscarmos observar o porquê da identificação
de uma criança com um conto de fada, perceberemos que as questões presentes
naquele conto são semelhantes ao que a criança está vivendo, ou já viveu, como
ela internalizou uma experiência e como ela se sente e se comporta diante de
alguns aspectos de sua vida. O mesmo serve para adultos!
Os contos de fada também são uma ferramenta rica, porém com
adultos eu gosto muito de trabalhar com os arquétipos da mitologia grega, pois
eles trazem padrões de comportamentos e temas bem claros e bem comuns em nossas
vidas adultas, como trabalho, maternidade, sexualidade, amadurecimento, etc.
Há diversas formas de trabalhar com arquétipos. O terapeuta
pode possuir uma carta com cada imagem dos principais arquétipos da mitologia
grega e solicitar que o cliente retire uma carta sem ver. Ou pode pedir que o
cliente escolha uma das imagens, a que mais lhe chamar atenção.
Contamos para o
cliente todo o mito daquele personagem que ele retirou, seus pontos fortes e
fracos e toda a sua história, e logo depois pedimos para que o próprio cliente
procure perceber o que ele gostou do mito, o que incomodou ele, quais os
aspectos daquele personagem ele admira ou repudia.
Isso nos traz rapidamente
uma percepção ampla sobre a psique do cliente, sem que ele esteja “armado” pois
não está conscientemente falando dele. Logo após essa etapa começamos a trazer
a percepção para o cliente, pedimos que ele perceba o que daquela história tem
a ver com a história dele, o que ele tem de parecido com o personagem. Através
desse processo o próprio cliente rapidamente vai chegando a conclusões sobre
seus padrões e sobre sua vida, muitas vezes conclusões bem profundas, que
demorariam muito mais tempo para emergir em uma análise clínica tradicional.
O método pode ser aplicado de outras maneiras, a técnica
consiste em utilizar a imagem arquetípica para acessar o inconsciente do
cliente, ajudando à trazer para a consciência questões nebulosas de forma mais sutil
e lúdica.
Caso se interessem pelo tema, não apenas para utilizar a técnica
caso seja terapeuta, mas também para descobrir mais sobre si mesmo, existem
dois ótimos livros sobre o assunto, que abordam a presença desses arquétipos
nos homens e mulheres da atualidade:
“A Deusa Interior” Autor: Jennifer Baker Woogler e Roger J.
Woogler
“Os Deuses e o Homem” Autor: Jean Shinoda Bolen