terça-feira, 17 de outubro de 2017

O desafio da Aceitação

Atualmente com a popularização de alguns conceitos budistas e de outras filosofias orientais, você provavelmente já ouviu falar em aceitação. Mas será que compreendemos de fato esse conceito? E será que estamos prontos para colocá-lo em prática?

Aceitação é algo que realmente pode transformar a sua vida e o seu Ser.


Porém a nossa cultura ocidental não valoriza esse ato, muito pelo contrário, o desvaloriza porque não compreende e incentiva o seu oposto: Idealizações e Expectativas.

Na era da "ansiedadeXdepressão" não há nada mais importante para olharmos, pensarmos e analisarmos dentro de nós mesmos. Afinal, ansiedade é nada mais do que a mente presa no futuro, isto é, gerando e alimentando expectativas; Enquanto a depressão é a mente presa no passado, isto é, apegada a idealizações que não se concretizaram e geraram frustrações as quais não sabemos lidar.

Nossa mente está o tempo todo oscilando entre esses dois polos, passado e futuro, dois momentos imaginários que de fato, não existem, nunca existiram e nunca irão existir. Sim nós temos memórias, lembranças e planejamentos, mas tudo isso está apenas em nossa mente. O momento presente é tudo o que existe. Aprender a viver o momento presente da forma como ele se apresenta é se libertar desse looping de expectativas ansiosas e idealizações frustradas, é sair da gangorra emocional em que tantos de nós vivemos oscilando entre a ansiedade e a depressão.



A aceitação é a chave dessa transformação.

Você aceita quem você é? Você aceita quem os outros são? Seu parceiro ou parceira? Seus pais e familiares? Ou você idealizou em sua mente pessoas que não existem e passa a vida se lamentando por sua família, parceiros, etc. não serem da forma que você idealizou?
Você aceita as circunstâncias conforme surgem em sua vida? Ou idealizou também situações e passa a vida se lamentando que elas não correspondem às suas expectativas?

Quando que você começará a viver de fato a sua vida, com todas as maravilhas e terrores, ao invés de ficar esperando uma situação inexistente, fantasiada, criada por suas expectativas e idealizações? Quando que você começará a viver de verdade? Ser você mesmo de verdade? E não mais uma máscara criada para atender as expectativas e idealizações do outro?


A nossa sociedade impõe modelos. Jung abordou amplamente o conceito de Arquétipos, que são padrões que trazemos de forma inerente em nosso inconsciente. Se estivermos conscientes desses padrões eles podem nos ajudar a compreender a nós mesmos e aos outros, mas se eles estiverem inconscientes, podem se transformar em complexos afetivos que não sabemos como controlar. 

O Arquétipo da mãe por exemplo, carrega consigo todo um peso de uma idealização de toda a história da humanidade, em torno dessa figura que deveria ser sempre amável, compassiva, pura e acolhedora. Porém a mãe humana é apenas uma mulher, como qualquer outra, com seus defeitos e qualidades. E isso vale para tantos outros "papéis arquetípicos", como pai, filho, esposa, marido, companheiros...O quanto nós carregamos de forma inconsciente essa idealização, impossível de ser correspondida? O quanto cobramos isso, de nós mesmos e do outro? E o quanto essa cobrança, interna e externa, nos faz cair nesse redemoinho de idealizações e frustrações, destruindo auto estima e relações...


A saída desse furacão é simples, porém exige algo com o qual não estamos acostumados a lidar: Desapego. Desapegar de conceitos, de "achismos", de certezas, de imagens...Desapegar do olhar do outro e, mais do que isso, desapegar da sua própria forma de olhar. 

Olhar pro mundo e para o outro como se fosse a primeira vez: De forma aberta e livre
Livre de conceitos, de suposições, de julgamentos, de idealizações...Livre do "deveria ser assim" ou "mas se fosse daquele jeito"...Nada disso existe. Existe apenas o que é. E a partir do momento que você aceita o que é, da forma que é,  seu mundo se transforma.

Aceitar não é passividade. Aceitar é primeiro passo para transformar tudo o que você deseja transformar. Aceitar o outro é Amar o outro. Aceitar a si mesmo é Amar a si mesmo. Quando você se ama da forma que você é, você compreende que todas as pessoas e circunstâncias da sua vida contribuíram para formar esse Ser maravilhoso que você é hoje e por isso você é imensamente grato. E quando você aceita também os seus "defeitos" (a sua Sombra), você pode olhar pra ela, e transformá-la.



Esse é o maior ato de entrega possível. É abrir mão da (falsa) sensação de controle e realmente abraçar a vida. A sua vida. Ela é apenas sua, com todas as maravilhas e terrores. Única. Assim como você. 
Aceite. 
E só depois de aceitar, ame o que for de amar, e transforme o que for de transformar.