terça-feira, 25 de novembro de 2014

Imagens Arquetípicas na Clínica


O trabalho com arquétipos na clínica é um trabalho muito rico que pode acelerar muito o processo terapêutico porque acessa diretamente o inconsciente do cliente, sem passar por seus mecanismos de defesa e resistências.

Mas o que é arquétipo?

Segundo Carl Gustav Jung os arquétipos são núcleos instintivos, isto é, herdados naturalmente, que trazem padrões de comportamento humanos. Um exemplo fácil seria o arquétipo materno. Este é um padrão de comportamento inato no inconsciente humano e ele se materializa de diversas formas durante a história da humanidade através de imagens mitológicas como de Maria, Deméter ou até mesmo a Madrasta má dos contos de fada.



Existem infinitos arquétipos no inconsciente coletivo que se manifestam em nossa vida através de mitos, contos de fadas e religiões. Todos estão presentes no inconsciente coletivo, porém um ou outro acaba “brilhando” mais forte em nosso inconsciente pessoal, e isso é uma dica de quais complexos estão fortes em nosso inconsciente.

Por exemplo, se buscarmos observar o porquê da identificação de uma criança com um conto de fada, perceberemos que as questões presentes naquele conto são semelhantes ao que a criança está vivendo, ou já viveu, como ela internalizou uma experiência e como ela se sente e se comporta diante de alguns aspectos de sua vida. O mesmo serve para adultos!



Os contos de fada também são uma ferramenta rica, porém com adultos eu gosto muito de trabalhar com os arquétipos da mitologia grega, pois eles trazem padrões de comportamentos e temas bem claros e bem comuns em nossas vidas adultas, como trabalho, maternidade, sexualidade, amadurecimento, etc.

Há diversas formas de trabalhar com arquétipos. O terapeuta pode possuir uma carta com cada imagem dos principais arquétipos da mitologia grega e solicitar que o cliente retire uma carta sem ver. Ou pode pedir que o cliente escolha uma das imagens, a que mais lhe chamar atenção.

Contamos para o cliente todo o mito daquele personagem que ele retirou, seus pontos fortes e fracos e toda a sua história, e logo depois pedimos para que o próprio cliente procure perceber o que ele gostou do mito, o que incomodou ele, quais os aspectos daquele personagem ele admira ou repudia. 

Isso nos traz rapidamente uma percepção ampla sobre a psique do cliente, sem que ele esteja “armado” pois não está conscientemente falando dele. Logo após essa etapa começamos a trazer a percepção para o cliente, pedimos que ele perceba o que daquela história tem a ver com a história dele, o que ele tem de parecido com o personagem. Através desse processo o próprio cliente rapidamente vai chegando a conclusões sobre seus padrões e sobre sua vida, muitas vezes conclusões bem profundas, que demorariam muito mais tempo para emergir em uma análise clínica tradicional.



O método pode ser aplicado de outras maneiras, a técnica consiste em utilizar a imagem arquetípica para acessar o inconsciente do cliente, ajudando à trazer para a consciência questões nebulosas de forma mais sutil e lúdica.

Caso se interessem pelo tema, não apenas para utilizar a técnica caso seja terapeuta, mas também para descobrir mais sobre si mesmo, existem dois ótimos livros sobre o assunto, que abordam a presença desses arquétipos nos homens e mulheres da atualidade:

“A Deusa Interior” Autor: Jennifer Baker Woogler e Roger J. Woogler


“Os Deuses e o Homem” Autor: Jean Shinoda Bolen