quarta-feira, 22 de março de 2017

O que é um Complexo e como ele atua na nossa psique

Com certeza você já ouviu falar de "complexos" o uso desse conceito se tornou comum através de termos que foram popularizados, como "complexo de inferioridade", "complexo de Cinderela", entre outros que acabaram sendo muito falados, porém nem sempre muito bem utilizados ou explicados. Por isso vamos entender melhor o que é um complexo.

Esse conceito foi desenvolvido por Carl Gustav Jung que o denominou como "Complexos Afetivos", resumidamente seriam "um conjunto ou aglomerado de ideias ou representações mentais dotadas de forte carga afetiva". Os complexos se organizam a partir de experiências emocionais significativas para o indivíduo, mas que por algum motivo se tornam inconscientes, seja por serem reprimidas pelo consciente ou por serem um conteúdo totalmente novo para ele.

Carl Gustav Jung


Simplificando, os complexos seriam como "nós de emoção", diversas experiências, pensamentos, sentimentos que se conectam em torno de um mesmo conteúdo emocional ( um mesmo afeto). O complexo sempre tem um conteúdo emocional principal, um núcleo inconsciente, e as conexões se dão a partir dele, com elementos semelhantes, essas conexões que esse núcleo faz podem ser muitas e quanto maiores, maior a influência do complexo no nosso consciente, isto é no nosso dia-a-dia, muitas vezes sem nos darmos conta.



Pegando um exemplo dos mais comentados que é o complexo de inferioridade, a pessoa que o possuí muitas vezes não percebe que o possuí. Ela pode ter tido diversas experiências que a levaram a se sentir inferior, como pais que diminuem os filhos, ou comparam com os irmãos fazendo um se sentir melhor/pior que o outro; bulling de colégio de colégio e faculdade; posição social; cargos de trabalho e por aí vai... Todas essas experiências de certa forma geram o mesmo sentimento: de inferioridade. Logo toda a energia que essas experiências geram, todas as emoções e pensamentos que essas experiências geraram ficam aglomeradas no inconsciente em torno deste sentimento e toda vez que a pessoa sentir a inferioridade de novo, ela acenderá um alerta na psique que irá mexer com todo esse conglomerado de energia.

Na maioria das vezes o nosso consciente repele este sentimento, este conglomerado todo, isto é, este complexo; pois não sabe lidar com ele, e muitas vezes busca compensar através de uma busca inútil pelo sentimento "oposto", no caso, o de superioridade ou de poder. Uma pessoa com este complexo, por exemplo, pode acabar diminuindo os outros ao se sentir inferior. Ou buscar construir uma imagem dela mesma como alguém "superior" aos outros. Porém o complexo está ali, presente em seu inconsciente, e quanto menos conhecemos ele, mais ele pode nos dominar.



Jung dizia que "nós não possuímos complexos, são os complexos que nos possuem." Exatamente porque quanto mais inconsciente essa carga enorme de energia está, mais fácil é dela explodir e te dominar sem que você perceba. Principalmente em momentos conflituosos.

Porém os complexos por si só não são patológicos, isto é, não são uma doença ou um problema, na verdade eles apontam para o problema, eles mostram que existe um conflito em relação aquela determinada questão, nos direcionam para o âmago do conflito, e assim nos dão a chance de torna-lo consciente para que ele seja transformado.


Na escuridão nada pode ser visto. Jung também costumava dizer que "o inconsciente é inconsciente". O que significa que, se é inconsciente nós na verdade não temos nem a chance de saber, muito menos de transformar. Por isso iluminar esses conteúdos é o primeiro passo para a transformação.

A Terapia Junguiana, e tantos outros métodos de terapia e auto conhecimento que existem hoje, são ferramentas que podem te ajudar nessa investigação interna, porém o caminho só pode ser trilhado por você e para dentro de você. E exige determinação, é uma busca constante por se tornar inteiro.


Jung também observou que os complexos teriam ligações com os arquétipos, pois constatou que existem tipos bem caracterizados e facilmente reconhecíveis de complexos em diferentes pessoas, o que sugere que esses repousem sobre bases igualmente típicas e comuns a todos os seres humanos – os arquétipos. Visto dessa forma, há sempre uma ligação entre as vivências individuais e as grandes experiências da humanidade.


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