terça-feira, 27 de novembro de 2018

Transformação e Individuação

Se eu pudesse resumir com as minhas palavras o que é o processo de individuação eu diria que é um processo de habitar (ou re-habitar) seu verdadeiro eu, aquele o qual nos distanciamos tanto durante a vida, isto é, nosso Self. Não se trata de uma descoberta, porque ele já existe, ele é você, se trata de uma aproximação, se trata exatamente de passar a "morar" nele, habitá-lo.


Na jornada da vida sempre nos distanciamos desse verdadeiro eu, criando uma lacuna enorme entre quem realmente somos e o que mostramos para o mundo (e muitas vezes para nós mesmos). Durante a formação de nosso ego, construímos máscaras (as personas) as quais acreditamos  por muito tempo ser, reprimimos características que não agradam esse ego em construção, isto é, que não agradam ao nosso "ideal" de ser, ideal este que normalmente corresponde às exigências sociais, familiares, religiosas, etc. E assim uma grande parte de nossas características fica na escuridão da inconsciência (sombra). Reprimimos também, jogando pra debaixo do tapete da inconsciência, o nosso pólo oposto, Yin ou Yang, aquela energia que não ficamos tão confortáveis em lidar (Anima Animus) e tudo isso faz com que uma grande parte do nosso ser esteja inconsciente, e a gente só tenha consciência de uma pontinha do iceberg infinito que é a nossa psique, logo nos distanciamos obviamente de quem realmente somos, porque somos tudo, tanto o que está sendo visto, quanto o que não está (que é na verdade muito maior).

Quando damos início a um processo de autoconhecimento, seja uma terapia, meditações, ou mesmo da sua maneira individual, começamos o processo de iluminar a escuridão, de tirar da inconsciência esses aspectos. Primeiro começamos a perceber que as nossas máscaras sociais podem ser úteis, mas não são quem somos de verdade. Ao abandoná-las ou ressignificá-las, aprofundamos em quem realmente somos e começa a surgir na consciência tudo isso que estava "debaixo do tapete"...E você vai assim se conhecendo cada vez mais, se tornando cada vez mais completo, reconhecendo cada vez mais a sua natureza. O self é a inteireza da psique. É você finalmente se conhecer como um todo e a sua consciência habitar esse todo, e não mais se limitar a olhar pro mundo através da janelinha microscópica do ego.


É um processo difícil de viver na prática, é um processo infinito, pois como Jung dizia não tem um "final do caminho" nem um objetivo, se existe algum objetivo é o próprio processo. Mudamos muito durante esse processo. Porém observo em mim mesma e na minha clínica que o que mais atrapalha as transformações nesse processo são os apegos, os famosos hábitos. 

Todos nós temos padrões de comportamentos que há muito tempo consideramos destrutivos e queremos mudar. Todos nós temos pensamentos autolimitantes que muitas vezes nos colocam pra baixo e nos paralisam. Todos nós temos emoções que nos boicotam, nos bloqueiam, e parecem nos fazer regredir sempre. Mesmo estando no processo de autoconhecimento e individuação, todos nós costumamos nos sentir em algum momento paralisados ou regredindo por nosso hábitos.
Afinal, como mudar isso?

Como já sabemos, para transformar qualquer coisa é preciso, antes de tudo conhecê-la. Precisamos estar conscientes de quem somos no momento( isto é, ser sincero com você mesmo sobre o quanto você se conhece hoje e quais são as limitações e potencialidades que você vê em você),  de onde estamos nos limitando e o que exatamente que queremos mudar em nós para nos tornarmos nossa melhor versão de ser. Precisamos estar conscientes de como nossa mente influencia no nosso corpo e no nosso ambiente, como nossos pensamentos influenciam nas nossas emoções e na nossa vida. Depois de tomarmos consciência desses processos começamos a ser capaz de modificá-los.


No livro "Quebrando o hábito de ser você mesmo" Dr. Joe Dispenza, bioquímico, cientista e neurologista, nos apresenta uma série de conhecimentos que nos dão base para compreender melhor a nossa mente. A física quântica e a neurociência já provam hoje uma nova maneira de compreender a realidade externa e interna, como um processo único em constante troca, com o qual nós podemos trabalhar em conjunto, criar em conjunto com o universo, já pensou nisso?

Tudo que existe no universo, todos nós, todos os animais, todas as árvores, todos os seres vivos e também não vivos, todos os objetos...tudo que existe é feito em menor escala da mesma "substância". A menor partícula de todas, que compõe todos os corpos de tudo o que existe, não se comporta sempre como partícula, quando ela não está interagindo ou sendo observada ela se comporta como uma onda, uma frequência, ou podemos dizer como energia. Isso é o que a Física quântica vem estudando há anos, resumindo e simplificando muito, tudo o que existe é energia. São ondas, frequências vibracionais. Você vibra em uma frequência e se alinha com frequências semelhantes, e toda a sua vida é direcionada dessa forma.


Uma das maiores mentiras em que acreditamos a respeito de nós mesmos e da nossa verdadeira natureza é que não passamos de seres físicos limitados por uma realidade material. Restringir a verdade sobre a nossa real natureza é escravizante e nos mantém como seres finitos vivendo uma vida linear que carece de algum significado real. E é a essa busca por propósito que todos estamos, pois no fundo todos sentimos que precisamos descobrir a verdade, como no filme Matrix, sabemos lá no fundo que existe algo mais. Somos limitados apenas pelas perguntas que fazemos, pelas crenças que adotamos e por nossa habilidade de manter a mente e o coração abertos ao novo, e ir além. 

A ansiedade a depressão a frustração, raiva, culpa, dor, preocupação, tristeza – emoções manifestadas regularmente por bilhões de pessoas – não são naturais. São sim o motivo da vida desequilibrada e deslocada do verdadeiro eu. Não são emoções “normais”, são comuns, porém não são naturais. E imagine só a frequência que você se alinha quando carrega essas emoções constantemente! As pessoas querem mudar a vida sem mudar elas mesmas, e isso não é possível.

Os estados de consciência supostamente “alterados” que atingimos durante uma meditação, por exemplo, ou observando a natureza em um momento de paz interior, são de fato os estados mais naturais da mente humana e deveríamos nos esforçar para viver neles em nosso cotidiano. Manter estados emocionais e pensamentos alinhados em coerência com o que desejamos criar em nossa vida, em nosso dia a dia e em nosso futuro é a chave para transformar tudo.


Muitas vezes somos viciados em algumas emoções, pois as emoções liberam químicas em nosso corpo e o nosso corpo quer aquela química. O nosso corpo não entende nenhuma emoção como boa ou ruim, isso é um julgamento do cérebro, o nosso corpo simplesmente quer aquela química. Logo mudar esses hábitos, esses padrões emocionais, pode levar mesmo um tempo e exige esforço e dedicação, no livro que citei o autor sugere a meditação como ferramenta para auxiliar o processo. A meditação ajuda muito, pois atua diretamente no cérebro modificando as ondas cerebrais e enviando para o corpo novas químicas, mais saudáveis. Exige esforço e disciplina inicialmente, porém só depende de você.

Você não tem como criar uma nova realidade, ou resolver uma situação em sua vida, sendo a mesma pessoa que você é hoje, é preciso mudar. Abrir mão de determinados comportamentos, transformar pensamentos e emoções, se reconstruir. Somente você pode fazer isso. Esse é o seu poder e a sua responsabilidade.

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